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quinta-feira, março 29, 2007

Educação como prática da liberdade

Meu propósito aqui era escrever amenidades, poesias, contar histórias leves e até engraçadas, fatos corriqueiros...mas é bom falar de coisas sérias de vez em quando também, né?

Hoje sai pela manhã para um encontro com a diretora de uma escola onde farei minha pesquisa para o mestrado. A escola fica um pouco distante da minha casa e no caminho eu ia pensando se não seria mais fácil trabalhar outro tema, uma coisa mais simples...Acontece que eu não ficaria feliz nem satisfeita se mudasse a rota, não agora que havia conseguido a orientadora perfeita para o tema escolhido.

Segui as placas e quando avistei as barreiras percebi que já estava chegando.
Entrei, estacionei onde mandaram estacionar e fui até a portaria. A primeira coisa que vi foi uma fila com pessoas carregando sacolas de supermercado e três policiais conversando e exibindo suas armas mirando em um copo de plástico que estava sobre uma cadeira. Aparentando tranquilidade, perguntei à eles como chegar até a diretora da escola e um deles, muito educadamente, me indicou o caminho. Cheguei a uma espécie de salão que, após passar por uma grade enorme, dá acesso à escola.
Recebi a informação de que a diretora estava em reunião, mas eu poderia aguardar por ela alí mesmo.

Pessoas indo e vindo, algumas reclamando, mães e mulheres levando alimentos para seus filhos e companheiros, crianças acompanhando suas mães e já mostrando nos olhos um olhar de adulto, de quem sabe o que tudo aquilo significa (bem mais do que a pesquisadora alí).
Eu estava na Agência Prisional do Estado de Goiás com o propósito de colher informações a respeito do analfabetismo entre os presos e saber qual o papel da escola e da educação na vida dos reeducandos.
Hoje, alí sentada percebendo detalhes do que acontecia ao meu redor, desconfiei que essa pesquisa vai significar pra mim muito mais que uma dissertação de mestrado.
Queria escrever mais agora, mas não consigo encontrar as palavras que traduzam o que quero dizer.

Com certeza falarei mais sobre isso por aqui.

A condição de acesso à educação torna-se ainda mais necessária para a população carcerária, que sabidamente encontra enorme dificuldade de reinserção social e profissional quando cumpre sua pena e ganha a liberdade. Desta forma, impõe-se, como finalidade prioritária de política pública no setor carcerário, o desenvolvimento regular e sistemático de ações educativas – em especial de escolarização formal, bem como a formação geral e desenvolvimento cultural – que contribuam definitivamente para a empregabilidade e sociabilidade da pessoa em privação de liberdade.

Um comentário:

Suzi disse...

Muito interessante, a abordagem, Cris. Muito interessante. Complicada, e vai exigir de você boa dose de coragem, de desprendimento e de perseverança. A realidade com a qual você vai se deparar não é amena. Mas você fará um trabalho de excelência, estou certa.
Bom trabalho!
E traga-nos, de vez em quando suas impressões. Como educadora, vou adorar ler sobre isso, aqui.
Um beijo e bom dia!