Visualizações

sábado, março 03, 2007

Sobre os Narcisos do dia-a-dia


Depois de conversar com S. sobre o comportamento narciso de algumas pessoas com quem tenho convivido esses dias, recebi hoje um texto que S. escreveu a respeito do assunto e resolvi não escrever sobre isso, mas transcrever aqui suas palavras.

Sobre os Narcisos do dia-a-dia

"Indubitavelmente há coisas belas na natureza. Coisas como a concha do nautilus que obedece a uma proporção dita áurea entre seus espirais ou o pavão exibindo as belas plumagens multicoloridas no intuito de conquistar a fêmea. Gatos, cachorros e até mesmo seres humanos (!!!) quando novinhos são bonitinhos. Há quem diga que esta é uma forma especial de defesa, porque não instiga os predadores naturais por serem de aparência dócil e digamos assim, bonitinhos mesmo. Eu particularmente não acredito nesse tipo de conversa, mas enfim...
Não vejo problema nenhum nesse fato. O problema é quando o sujeito em questão começa a valorizar demais a beleza própria. Lembram de Narciso, o rapaz que era muito belo e que se apaixonou pela própria imagem refletida na água? Pois bem, hoje em dia, há um montão de Narcisos espalhados por aí.
Refiro-me a gente que, ou por se encaixar no protótipo de beleza, ou por ser bem sucedido financeiramente, ou por ter certo status na sociedade, ou por peidar cheiroso (ou nem mesmo peidar quem sabe), começa a assumir um certo “complexo de superioridade”.
Podem até mesmo alegar que isso seja um comportamento reativo esperado, uma vez que o “mundo” nos obriga a ser assim (sim sim, aquela mesma história de mundo uno, competitivo e globalizado), mas tenho saudades de ver pessoas que sejam humildes e modestas, mesmo quando suas qualidades sejam explicitamente patentes. E o pior é que muitos desses Narcisos nem são verdadeiramente belos, mas se julgam, de pés juntos, que assim o são.
Foi há mais de cem anos, que Sigmund Freud, uma das cem maiores personalidades do século passado (ao lado de outras GRAAANDES personalidades, como Ronaldinho!!!) elaborou uma teoria que definia o desenvolvimento psicossexual do indivíduo em estágios. O estágio mais primitivo de todos era o oral, lá na época de bem bebezinho mesmo, logo após o nascimento. As sensações orais incluíam sede, fome, estimulações táteis prazeirosas, evocadas pelo mamilo ou seu substituto, sensações relacionadas com a deglutição e satisfação. Os estados de tensão oral levariam à procura de gratificação oral, tipificada pela tranqüilidade no final da alimentação. A tríade oral consiste no desejo de comer, dormir e alcançar o relaxamento que ocorre no final da sucção, logo antes de começar o sono. Quando o indivíduo não completava adequadamente essa primeira etapa do desenvolvimento, ele poderia desenvolver no futuro, quando já adulto, traços patológicos como excessivo otimismo, narcisismo e o ato de reclamar. Essas pessoas seriam excessivamente dependentes e exigiriam que os demais servissem e olhassem por eles. O que fazer em relação a essas pessoas? Isso varia de indivíduo pra individuo, porém o mais triste é que muitas pessoas tendem a se “interessar” por elas. O que é de certa forma aceitável, pois é natural que as pessoas se sintam atraídas por outras que tenham atrativos de alguma sorte, ainda mais quando o “marketing pessoal” é perspicaz... Eu prefiro outras linhas de ação como apenas ignorá-las, já que isso é o que elas mais temem. Melhor ainda quando essa pessoa é superada. O gostinho de vitória fica ainda mais doce. E assim o mundo continua girando, tão diferente e tão igual àquele da época do Freud. E os bebês continuam nascendo, lindos."

Nenhum comentário: